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sexta-feira, 22 de maio de 2015

Moro num casa onde a janela dá para a rua. Fico daqui a digitar e a observar. No momento, diante de um sol causticante, vejo um carroceiro paralítico, sua mulher e dois filhos. A mulher vai à frente vasculhando as sacolas de lixo e separando garrafas plásticas de refrigerantes e diz algo que não pude entender, o marido e os filhos, enquanto arrumam as bugigangas, riem gostosamente de o que ela falou. O filho mais novo, usando um boné vermelho, lembra demais meu filho mais velho, fruto do segundo casamento, que mora com a mãe. Me dá vontade de chamá-los e oferecer um café. Não consigo. Choro copiosamente, choro como nunca havia chorado antes. A cena mexe comigo. Choro, não pela miséria deles, mas pela minha. Choro pela falta de um sorriso fácil que não tenho. O porquê de eu também não sorrir tão gostosamente? Pegando lixo, passando fome, a família está junta, pais e filhos sorrindo, apesar de, eu, barriga cheia, protegido do sol causticante, digitando, infeliz, apesar de...